domingo, outubro 16, 2005

A Little

Então, ele não é gay. Só está apaixonado por alguém.
Sabe, depois que eu parei de me apaixonar platonicamente (só pequenas paixonites), eu comecei a odiar pessoas que o fazem. Não funciona, não dá certo e não é legal. Além de magoar quem faz, não dá chances à pessoas super legais que querem conhecer vc.
É super bonito qdo vc conhece alguém, fica (ou não), e a pessoa, aos poucos, vai despertando seu interesse. Vc não projeta suas angústias e desejos de wannabe na pessoa e convive com os defeitos logo de cara. É mais fácil surgir um sentimento real, pé no chão.
Sim, pq é isso q vc quer depois dos 23.

Rose Chronicles

Sabe, esse negócio de viver de renda é um saco. Eu quero dizer, de aluguel de imóveis. Um imóvel, pra ser mais exata. Não que se possa viver disso, mas, aos 20 anos, é algo muito importante.
O que acontece é que você acha o seu imóvel o máximo - o melhor. Então começa a selecionar moradores... para alguns até oferece as chaves. Nem todos aceitam. Outros, imploram por elas. Àqueles que pedem com jeitinho, você entrega. Costuma ser um processo meio longo e, geralmente, compensatório.
Mas, às vezes, uma coisa estranha acontece. Você está muito tranquila, tirando o pó, quando um cabeludo qualquer entra na sua casa sem pedir licença. Antes que você entenda, ele já se sentou num canto (o mais confortável, é claro) e tirou um violão da sacola. Um pouco de "let's swim to the moon, let's climb through the tide. Surrender to the waking world, that laps against our side..." e você passou do susto à contemplação. Sem perceber, está sentada ali, do lado do vagabundo, e começa a cantarolar Doors à qualquer hora do dia.
Obviamente, como qualquer vagabundo que se preze, um dia ele põe o violão na sacola e sai. Pela mesma porta que entrou, com a mesma cara que entrou. Sem se despedir, sem um último beijo. E você, como toda pessoa normal, demora a perceber o que aconteceu. Fica esperando ele voltar com os cigarros.
Aí, tempos depois, passando por uma rua, você vê o vagabundo cantando em um lugar qualquer. E se assusta, porque ainda estava esperando os cigarros. Passa, então, por todas aquelas fases (indignação, raiva, tristeza, ódio), e resolve reformar a casa. Pintura nova, móveis novos e, se possível, morador novo.
Um belo dia, o vagabundo passa de novo em frente a sua porta. Tudo está mudado, você já se esqueceu e existe alguém morando lá. E o vagabundo nem tem a intenção entrar novamente. O problema é que quando ele vira a esquina, as janelas e portas se abrem, um vento estranho se debate contra as paredes e o chão treme. Quando o pobre chega mais perto, o tapete da entrada se estica como uma língua vermelha e se enrola nos pés dele, puxando-o para dentro. Ele corre, assustado. Você entra, chateada. E começa tudo de novo, porque certas coisas não mudam. Como a lua depois do sol.